A LITERATURA SOBRE RELAÇÕES CIVIS-MILITARES NO BRASIL (1964-2002): UMA SÍNTESE
Jorge Zaverucha
Helder B. Teixeira
É improvável que as instituições políticas e democráticas se desenvolvam, a menos que as forças militares e a polícia estejam sob pleno controle de funcionários democraticamente eleitos.
Robert Dahl
Desde o final do regime militar e o início do processo de transição para a democracia, tanto o estudo político sobre militares federais (Forças Armadas) e militares estaduais (Polícia Militar e Corpo de Bombeiro Militar), bem como a vinculação entre tais instituições, ficou relegado a um papel secundário na literatura das ciências sociais. Parte desse desinteresse muito se deveu a precipitações valorativas que prejudicaram bastante uma abordagem mais sistematizada do tema. Em outras palavras, a equivocada crença de que os militares haviam voltado para os quartéis, não sendo mais fonte ameaçadora de poder, à mercê da instauração de um governo civil. De acordo com essa percepção, rumava-se inexoravelmente para a consolidação da democracia brasileira.[1]